Fonte: https://www.lavanguardia.com/natural/20160601/402197156317/vidrio-reciclar.html

O vidro é uma mistura fabricada pelo ser humano a partir da combinação de sílica e calcário. Essa mistura é proveniente da areia, matéria-prima barata e de fácil acesso. Dessa forma, levando em consideração apenas parâmetros meramente lucrativos, por qual motivo deveria haver empenho na utilização do vidro reciclado se é possível simplesmente fabricar um novo?
 
Esse questionamento gerou consequências, principalmente dentro do cenário do Distrito Federal, no que diz respeito à questão dos resíduos indiferenciados. O resíduo indiferenciado é, muitas vezes, tido como sinônimo de rejeito. Entretanto, trata-se de coisas diferentes.
 
O rejeito é aquele resíduo em que todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem foram esgotadas, isto é, essas alternativas são inviáveis para o resíduo. Exemplos de rejeitos: guardanapos sujos, papel higiênico, restos de varrição, restos de alimentos misturados com outros rejeitos que não podem ser direcionados para a compostagem, dentre outros.
 
O resíduo indiferenciado é resultante do recolhimento indiferenciado do resíduo doméstico ou de estabelecimentos comerciais que, após a triagem, tem a sua destinação final no aterro sanitário. Os rejeitos são resíduos indiferenciados, mas além dos rejeitos, dentro do grupo dos indiferenciados, também há materiais que podem ser reciclados, mas não o são pela dificuldade ou inexistência de locais capazes de reaproveitar ou reciclar esses materiais. Exemplo: determinadas caixinhas de suco (feitas de dois ou mais materiais), embalagens de remédios e, o foco desse artigo em questão, o vidro.
 
O vidro se enquadra como resíduo indiferenciado em Brasília porque, até então, não existiam locais responsáveis pela reciclagem em massa desse tipo de resíduo. A orientação para todas os estabelecimentos que foram cadastrados como Grande Geradores, a partir da exigência do SLU, é de que o vidro seja descartado junto com os rejeitos de lixo, mais especificamente, no lixo úmido, quando há apenas duas lixeiras: a de lixo úmido (rejeito) e a de lixo seco (lixo reciclável). Absurdo? Pode parecer. Mas está contido nas instruções das cartilhas do Governo de Brasília para vários estabelecimentos comerciais e órgãos públicos.
 
Segundo o site do G1 (2018), o Distrito Federal descarta 150 toneladas de vidro por dia, mas não há separação e nem reciclagem. Uma empresa chamada Green Ambiental fez uma parceria com o SLU e já é responsável por buscar o material descartado gratuitamente, de alguns restaurantes e bares do DF, e encaminhar para São Paulo para a reciclagem.
 
Há apenas cinco meses atrás, o site da Câmara do Deputados (EcoCâmara) publicou, em 28 de março de 2018, uma nota com o seguinte título: “Brasília agora tem coleta de vidro para o encaminhamento à reciclagem.”
 
Nos últimos meses, a situação do vidro tem mudado aos poucos e a condição do vidro como resíduo indiferenciado está se extinguindo aos poucos. Águas Claras já recebe uma grande porção dos vidros coletados de bares e restaurantes. Há pontos de coleta espalhados por vários pontos do DF, segundo o SLU. “Dizem as más línguas”, que já existe empresa de reciclagem no Distrito Federal e é uma questão de tempo até haver o cadastro efetivo para a reciclagem de parte dos vidros gerados no DF.
 
Enquanto isso não acontece, é preciso que a população de Brasília esteja ciente de que a conscientização e separação do resíduo é de fundamental importância para que a vida útil do Aterro Sanitário seja estendida. Para os estabelecimentos enquadrados na categoria de Grandes Geradores de Resíduos, é necessário possuir um documento técnico, com determinadas características, denominado PGRS ou qualquer uma de suas variações PGR (Plano de Gerenciamento de Resíduos), PGRI (Plano de Gerenciamento de Resíduos Indiferenciados), dentre outros documentos necessários.